28 de abril de 2011

Se pudesse voltar atrás

Era um grupo de cinco pessoas. Percebia-se que eram verdadeiros amigos. Andavam juntos para cima e para baixo.

Todos os cinco eram maiores de idade, viviam a mil, pouco queriam saber de responsabilidades, muita das vezes chegavam a desrespeitar pessoas na rua em dias de bebedeira.

Arrumavam brigas e mais brigas pelas ruas. Num sábado, à noite, em mais um dia folia, cometem algo que iria mudar suas vidas: espancaram por um motivo bobo (se é que tiveram motivo), uma jovem moça que estava com uma calça verde.

Quando perceberam que a moça estava inconsciente, saíram correndo de forma covarde, deixando a bonita jovem jogada no chão sem prestarem socorros. Ao contrário de muitos casos parecidos, o fato não chegou à  mídia.

Dias depois se reencontraram e no grupo não teve um comentário sobre o ocorrido, nenhuma comoção e muito menos um pensamento de arrependimento de que passaram dos limites. O grupo continuou a andar e andar: diversão e irresponsabilidades sobravam entre eles.

Passam-se uns meses, eis que chega a véspera de uma grande festa. Estão num bar, como de costume, e marcam de se encontrar na casa de um dos integrantes que tinha um belo carro para poderem ir juntos à festa do dia seguinte.

Passa o dia e o grupo está pronto para grande festa e se encontram no lugar marcado. Partem para festa com o belo veículo, música bem alta, no último volume. Chegam ao local da festa, está lotada. Esta festa promete - diz um deles. Bebem tudo que têm direito para se divertir, deleitam-se com cada copo de bebida virado. Entre idas e vindas de uma festa, ela chega ao fim.

Percebe-se que o grupo inteiro está inteiramente bêbado. Só que é hora de voltar para casa e hora de dirigir o carro. Agem mais uma vez sem nenhuma responsabilidade e entram no carro "normalmente".

No caminho de volta é uma bagunça, bêbados e desvalidos, vão correndo riscos em cada curva em alta velocidade. Até que chega a uma curva e o carro está fora de controle, aconteceu o que era previsto, um acidente grave.

O carro teve um dano bem considerável, todos estão no carro, quatro desacordados e apenas um consciente, porém, está com a perna presa. Ele, descontrolado, procura do carro por alguém que possa ajudar e vem vindo uma moça, aparentando 40 anos aproximadamente, socorrê-los.

Quando a moça se aproxima do rapaz acordado, os dois se reconhecem e o rapaz a implora que os salve. A moça consegue desprender a perna do moleque e consegue o tirar do carro com uma imensa ferida na perna. Os dois juntos chamam os bombeiros.

Um do grupo foi acordado pelos bombeiros, os outros três foram desacordados para o hospital. Todos foram para o hospital receber atendimento. A moça seguiu para o hospital, prestando solidariamente assistência aos indecentes.

O rapaz que ficou acordado no acidente relembrou da moça que prestou socorros, entretanto, não conseguia recordar de onde a conhecia. Chegou a uma conclusão e ficou completamente impressionado, a mesma moça que salvou sua vida e a de seus amigos era a mesma que eles haviam espancado meses atrás. Percebeu  que ela tinha uma aparência muito mais velha em relação à anterior devido à fraturas no rosto causadas pelo espancamento.

O grupo inteiro ficou bem e todos souberam da moça que ajudou-os.

Uma angústia enorme tomou conta de todos...

15 de abril de 2011

Espere por mim!

É Carnaval. Ôh, época boa! Boa para se destrair, se divertir, pelo menos, no meu ponto de vista.

Nunca deixei de me divertir no carnaval, é uma época fantástica. Mas desse carnaval eu não quero saber. Um desânimo sem fim.

Eu sei a explicação para esse desânimo, em contrapartida, tento fazer-me acreditar que não consigo achar justificativas.Tento esquecer, tento com todas as forças voltar como era, mas qualquer situação me faz relembrar.

Muitos dizem que é pelo fato do acontecimento que eu tenho de cair na folia para eu me esquecer integralmente. Porém, esses mesmos "muitos" também nunca, bem provavelmente, passaram pela situação que enfrentei. Uns entendem, outros não. E fico me perguntando: será que eles não pensam como se estivessem em meu lugar? Será que nunca sentiram o medo, de passar a ter esse vazio da noite para o dia?

Agora é só eu e mais eu. O que representa muito pouco. Já que não a tenho mais para me completar. Perdi-a. Como fui deixar isso acontecer? Não a tenho mais do meu lado. O meu medo veio à tona e agora é realidade. Pensava eu: o que será de mim se ela não estiver mais aqui? Na mesma hora desviava os pensamentos.

Carnaval? O que é deixar de ter uma folia perto do vazio que ela me deixou? Estou determinado a não querer mais isso para mim. Carnaval para mim agora será sinônimo de descanso. Estarei limitado a olhar a fotografia de minha mãe. Minha base foi tirada de mim e agora me vejo igual ao World Trade Center. Foi feito contra mim um atentado, dos mais graves e violentos da história.

Foi-se antes do tempo. Não me deixou realizar meus sonhos, estes, a maioria, era em relação a Senhora.  A partir daqui, não me imagino sem meu amor maior. Onde estiver, olhe por mim, minha Mãe. Um dia, encontrarei-te novamente. Não darei uma de escapista. Deixarei as coisas acontecerem naturalmente até que nos encontremos.

Mãe, espere por mim!

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Texto meramente fictício, pois minha mãe está mais viva como nunca.

E sou orgulho da mamãe!
               Ela é um exemplo de vida para qualquer um!!!

7 de abril de 2011

Comoção

O que os brasileiros viam apenas pela TV, noticiando o mesmo tipo de notícia lá de fora, aconteceu no Rio de Janeiro.

Não há o que falar. Um cidadão covarde, com acesso fácil a armas de fogo, comoveu o Brasil. Pessoas e mais pessoas chocadas.

Um domicílio público, a escola municipal ficará marcada para o resto da história, não digo na história do povo, digo em relação aos alunos do local, aos trabalhadores em geral que ali trabalham, à própria escola. É triste as imagens das crianças correndo pedindo ajuda. Chega a ser mais triste ainda a entrevista de uma senhora que mora em frente ao colégio, que teve sua casa invadida por 20 crianças desesperadas aproximadamente.

As crianças entraram na casa dela pedindo ajuda, algumas baleadas e sangrando, dizendo que tinha um homem atirando dentro da escola. A mulher não sabia o que fazer, se ajudava ali ou se ia atrás de notícias da própria filha, que também estuda na escola e estava lá no momento.

Em relação ao covarde do autor, não dá para dizer que ele é um maluco, um psicopata etc., só dá para afirmar, por enquanto, que ele é mais um assassino dessa sociedade mórbida. O que diriam os grandes pensadores da sociologia, da psicanálise? Conflitos e mais conflitos, impulsos e mais impulsos. É comovente.

As crianças hoje, infelizmente, foram as que pagaram por uma burrice cometida pelo povo brasileiro em 2005. Não que o "não" do brasileiro ao desarmamento há quase seis anos seja o principal causador dessa tragédia, mas precisamos colocar essa questão novamente na mesa de debate para que seja feito um novo plebiscito. Eu ainda não votava, foi um voto a menos para o desarmamento.

Até a presidente Dilma chocou-se com o ocorrido, sendo oportunista. Chegou a chorar, declarando que poderá ir ao enterro das crianças. Aí o ex-presidente Lula verá os índices de aprovação dela superarem os seus de início do governo.

Espero que nossa presidente não esteja agindo com um pingo de demagogia. E esteja, assim como toda a população, realmente comovida com o que ocorreu.

Por fim, deixo aí minha solidariedade para com as crianças e as famílias delas. E que as famílias tenham força para se reerguer.

Espero que tenhamos aprendido com o ocorrido. Plebiscito já!

5 de abril de 2011

A retórica do hipócrita - por Douglas Nascimento.

Farei uma homenagem ao Douglas Nascimento com o intuito de deixar eternizado o Complexo Alpha que teve seu fim anunciado. Já tinha esse texto pronto aqui para uma colaboração entre os blogs que não foi para frente, então o aproveitarei em forma de homenagem, até porque acho esse texto uma maravilha. A homenagem será feita através desse texto do Complexo Alpha que importo para cá. Vamos a ele.
                               
                              "A retórica do hipócrita

O discurso é muito bonito e é sempre a mesma coisa, chega a ser uma injeção com fortíssimas doses de esperança ouvir tantas palavras progressistas, seja da boca de quem for. Até mesmo da minha - não sejamos hipócritas já no início do texto, a deixemos para o final.
E o tal discurso então questionado, acaba se tornando retórica. Mas na primeira oportunidade que um determinado indivíduo tem, ele corrompe cretinamente seus princípios. E é realmente bonito ouvir tantas blasfêmias, muito bonito mesmo. Mas acontece que, empurrar conceitos com a barriga dessa forma não perdurará para sempre, e a paciência não será uma virtude eterna.
Comum ouvir tantos brasileiros reclamando de seus políticos, os cariocas aborrecidos com sua polícia, os negros pedindo o fim do preconceito e os asiáticos inconformados com seu pequeno membro. Daí que, esses mesmos injustiçados sedentos por legalidade, donos de belos textos anti-crime como este são também os primeiros a cometerem pequenos delitos. Quem reclama de tais, um dia ou outro acaba avançando um sinal e oferecendo o 'dinheiro do café' para o guarda; acaba um dia ou outro se revoltando com os altos preços da SKY e colocando uma cable-tv à gato em casa; acaba um dia ou outro comprando um filme pirata, não devolvendo o troco errado ao senhor da venda ou até mesmo colando na escola, o que seria por lei - acredite ou não - violação dos direitos à propriedade intelectual.
O que separa um crime banal como o exemplo de roubar o troco do senhor da venda de um desvio de verbas em Brasília é uma escala. A diferença é apenas de escala. Pois o crime, pequeno ou grande, continua sendo crime. Pois, nessa mesma linha de raciocínio, o que separa um cara que por 1 real engana o vendedor de salgados de outro que rouba 30.000 de cofres públicos? A resposta é a falta de oportunidade que um deles tem para roubar tanto dinheiro.
Exageros - também em escala - ou não, generalizando, somos todos uns vermes transvestidos em gente. Ora engomados num terno, ora desleixados numa roupa casual. Não importa o traje, a máscara nunca cairá mesmo. Esse é o mundo em que o fingimento de bondade de idéias e opiniões apreciáveis se tornou uma arte. E quando se é criado em meio a essa falsidade ideológica, é difícil ter esperanças a longo prazo. Elas talvez sejam preenchidas pelas injeções que citei no primeiro parágrafo, mas não passam de meras injeções mesmo, com seu efeito superficial e imediato.
E são por esses motivos que escrevi isso, para que pelo menos por enquanto, eu não tenha que assumir que hoje não paguei o salgado que comi no quiosque do Tadeu."