22 de novembro de 2010

Janela

Um belo final de tarde, aquele sol reluzente, que mais cedo foi o motivo da minha ida à praia. Na minha volta para casa, fico sentinelamente na janela, analisando o rumo daquele lugarzinho. A rua está cheia, alguns estão ali para mais um momento de satisfação, outros estão ali por necessidade. Vejo o pessoal da cerveja num canto, vejo as crianças se divertindo, bola daqui, piques dali, vejo também aquelas mexeriqueiras, para estas faça chuva ou faça sol, elas estão falando da vida alheia. Mas nesse caso, elas aproveitam ao ar livre para satisfazerem-se.

Com o sol reluzente, a rua fica cheia, música tocando no bar, uma barulheira só. Algumas pessoas estão tendo mais um momento de prazer, já no semblante de alguns daquela rua, percebe-se que aquela felicidade é momentânea, estão alegres, nem parecem que são cheios de problemas. De certa forma, estão certos, chega uma hora que é preciso "esquecer de tudo", precisamos ter devaneios para nos recuperar, nos refazer, nos renovar!

Depois dali, cada um voltará para o seu mundo e acaba-se a história do devaneio, voltarão a viver suas realidades com as suas peculiaridades. Olhando para o céu e vendo algumas nuvens, lembro-me de que no dia anterior, a meteorologia havia previsto chuva para o final da tarde. E realmente, as nuvens começam a se aproximar, fechando aquele tempo maravilhoso. Dentro de uns minutos, lá veio a chuva. Foi aquela correria, não havia mais aquelas crianças, muito menos as fofoqueiras e nem o pessoal do bar, que tinha o seu dono abandonado.

Pensei que não havia mais ninguém, entretanto, havia um pessoalzinho amontoado no canto da esquina. Daí que eu fui me dar conta que o crack chegou também a minha rua. Vamos vendo ele se aproximar cada vez mais, é impressionante o arrastão que ele vem fazendo sem nada que possa freá-lo, sem nenhuma medida capaz de dar um basta nessa droga avassaladora.

O meu dia ensolarado que foi embora por causa da chuva refrescante, foi estragado por aquela cena obscura. E eu, assim como a maioria da população, estou com medo, não porque eu possa virar um usuário, mas sim porque essa droga pode me atingir indiretamente engolindo pessoas queridas minhas.

Isso é um retrato da vida que levamos hoje: o medo, o caos etc. tomam conta da mesma. Esses problemas são expostos na mídia, esses assuntos já nos saturaram, no entanto, nada é feito. Até quando será assim, até quando esse caos e esse medo vão nos moldar? Esses tipos de perguntas só serão respondidas positivamente, sonho eu, num Brasil distante, in-fe-liz-men-te!

Um comentário:

  1. Gostei a texto!
    E ele me faz lembrar que tenho logo que parar de usar esse maldito crack. Ele tá acabando comigo.

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