25 de novembro de 2010

Tropa de Elite 3

Tiros, polícias, bandidagem, marinha, medo, favelas, veículos queimados, Tropa de Elite, desespero, faces amedrontadas, pessoas queimadas e mortas, toque de recolher, incerteza.

Eu tenho que registrar isso aqui, vai ficar marcado na história, não só na do Rio, mas também na do Brasil. Eu, com os meus 18 anos, nunca havia visto algo como este.

Depois de anos de abandono da segurança pública daqui do Rio de Janeiro, são implantadas as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas favelas cariocas. Especialistas dizem que é um ótimo projeto e falam que implantando-as, há evasão de bandidos para outros locais do Rio: outras favelas e até mesmo asfalto e que isto é o grande problema causado pelo descaso da segurança pública nas últimas décadas.

Esses ataques de bandidos pelo Rio de Janeiro querem um basta e fazer com que o poder público repense e recue nessa política de segurança. Dizem-nos para manter a calma e continuarmos a rotina normalmente. Sei que a calma é importantíssima nessa hora, mas é praticamente impossível manter a calma num momento em que você dentro de um carro, dentro de um ônibus, numa avenida ou rua qualquer, e bandidos armados pegam um veículo para tacar fogo. Como manter a calma assim? A primeira coisa que pensamos num momento desse é ir para casa imediatamente.

Os ataques fizeram boa parte do Rio paralisar. Creches e escolas fechadas. Aqueles que estão em casa não podem sair e aqueles que estavam no trabalho não podem voltar para casa, se voltar corre o risco de morte. O caos, que eu vinha citando em minhas postagens anteriores, está no seu auge com toda essa guerra. A cidade está sitiada.

A polícia tenta conter, faz incursões nas favelas. Os moradores favelados também se apavoram. Muitos deles estão fora de suas casas, fora de sua favela. Estão trabalhando em algum canto e aqueles que têm filhos dentro de casa se desesperam. Tentam de qualquer maneira voltar para casa, talvez possa ser uma atitude impensada, mas há o instinto animal de proteger suas crias. Em todo lugar é assim.

A população não sabe o quê fazer, fica num jogo do vai-e-vém no meio dessa maior operação policial da história. Aqueles, que pensavam em acabar com o tráfico, sabiam que um dia toda essa guerra contra a criminalidade iria ocorrer. Eis que o dia chegou. A polícia tem o apoio da marinha, recebe tanques de guerra ( meu Deus, a que ponto chegamos?! ). Realmente, toda essa situação é para fazer chorar. Depois disso tudo, esperamos que tenhamos a paz algum dia no Rio. Sonho em ver esse desespero pulverizado. Toda essa situação nos faz viver em 5 dimensões o filme Tropa de Elite 3.

As imagens das pessoas abanando panos brancos numa favela me arrepiaram. Já estamos cansados disso, e eu insisto: até quando viveremos assim? Só consigo responder de uma forma: enquanto existirem pessoas levantando a bandeira branca, existirá também a esperança de que algum dia seremos atendidos e passaremos a viver num lugar em Paz. E assim, vamos vivendo, se um dia será possível acabar com esse mal eu não sei, e enquanto não acaba frases como a que está no final nos carregarão e vamos vivendo. Ué, fazer o quê? Temos que continuar levando a vida, vamos parar por causa disso? Tornaremo-nos autistas? Talvez, o autismo seja a única solução para isso tudo.

Portanto, eis a frase: QUEREMOS PAZ, MAIS DO QUE NUNCA.

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