3 de dezembro de 2010

Horacio Macedo: deixará saudades

Minha nossa. Já está no fim. Como passaram rápidos esses três longos anos. Até ontem eu fugia do trote, hoje já aparece o tom de despedida. Muita gente não gosta nem de falar isso, ela leva consigo algo que gostamos, que desejamos, que vivemos e vai embora.

Confesso que, mesmo eu vendo muitos já naquele tom de despedida, eu ainda não havia sido incorporado e o meu cansaço, o meu desejo por férias falavam mais alto e queria que acabasse logo. Agora, quando penso nesse final de ciclo, o coração arranha: está acabando.

Se disserem que nesses três anos no Horacio Macedo ( colégio de todas as tribos ) a do não te fez feliz, alegre, crescer como pessoa, isso tudo é mentira. Entramos no Horacio Macedo como um girino, e vamos saindo como um sapo do mais selvagem. É impressionante a forma que como esse colégio me fez evoluir, abriu muito mais a minha mente. Particularmente, mudei demais.

No primeiro ano era aquele sufoco, era estudar, estudar, estudar... Novas amizades sendo construídas, e você ralava para conseguir míseros pontos para ter o luxo de escolher o curso técnico que lhe convinha. Não me arrependo de nada daquilo que fiz no primeiro ano, fez parte do meu processo de crescimento como pessoa, fui abençoado em ser um dos escolhidos lá naquela listinha de alunos do município que ingressariam no Horacio Macedo. Da mesma forma que muitos não sabiam dessa listinha, outros muitos sabiam, e era enorme a quantidade de pessoas esperando o resultado da possível convocação. Já ali naquela tarde de expectativas, vi muitas carinhas, as quais eu me tornaria amigo se meu nome estivesse na lista.

Felizmente meu nome estava na lista dos novos alunos do Macedão. Eu corria o risco de ficar sem colégio, porque não havia recebido nenhuma carta de uma escola estadual, aquelas cinco que escolhemos no final da oitava série. Mais tarde que eu fui saber que havia chegado a carta, mas a vizinha não tinha entregado ainda. Quando abri a carta, vi que estudaria no Colégio Paulo Freire. E eu pergunto, será que seria a mesma coisa que foi no Horacio? Obviamente não dá para responder, mas eu não trocaria os meus três últimos anos do Horacio por três anos no Paulo Freire.

Em 2009, já no segundo ano, foi uma mistura de turmas por causa das escolhas de curso técnico, ali cada um tomava seu rumo e da mesma maneira éramos obrigados a construir novas amizades. Quem menos você esperava que viraria amigo, aproximou-se de você e agora possuem uma grande relação. Muitos se afastaram de suas amizades iniciais, alguns ficaram pelo caminho, mudaram de turma, mudaram de turno e por isso a obrigação de ter novas amizades. Ao contrário dos outros segundos anos, não fomos só coadjuvantes. Mandamos no futebol, ganhamos os dois títulos mais importantes da temporada do HM. Eu tive a oportunidade de jogar em dois times espetaculares, atuando em duas finais, uma de cada lado, isso é uma honra. Carregarei para o resto da vida até isso. O meu segundo ano não permitia a minha permanência no Hula-Hula e no meu terceiro ano eu fui jogar no time que tinha o vermelho do coração, o vermelho da paixão, o vermelho do comunismo: Skavurska. Não me arrependo em ter feito essa troca, de maneira alguma. Joguei no meu Skavurska.

O futebol do HM, campeonatos e mais mais campeonatos. É um absurdo qualquer tentativa de impedi-los. Eles movimentam o colégio, este não é a mesma coisa sem os jogos. E isso se expande para a história do trote, é um absuro qualquer tentativa de impedir o trote. Não são as cerimoniazinhas que integram os acanhados novos alunos ao restante do colégio, o que realmente faz essa integração são os trotes bem feitos, sem abuso.

Concluído o ano de 2009, vamos para o terceiro e último ano do HM. No terceiro ano descobrimos que estudamos todos aqueles anos desde o jardim em prol daquele ano: o ano de vestibular.  A maioria querendo uma vaga numa universidade. É o final do ciclo, não tem jeito. Vamos viver de novo o que vivemos no segundo ano, seremos separados. E por mais que isso aconteça, veremos também quem mesmo foi realmente seu amigo nesses três anos. O meu terceiro ano foi o melhor de todos os tempos, sendo um pouco fanático, pois sempre a nossa época é a melhor.

Da mesma forma que aproxima um final de ciclo, aproxia-se também o início de mais um e isso é motivante, vamos com tudo, começar com o pé direito, de preferência. Vamos buscar a nossa sobrevivência. Este ano, estamos sendo empurrados para o mundo adulto, sem chances de volta. Essa é a vida, vamos sendo levados para o mundo do comprometimento, da responsabilidade acima de tudo, da busca pelo primeiro emprego, enfim, é o mundo adulto logo ali na esquina. Como eu disse, não tem jeito.

Na reunião para os pais de novos alunos lá no primeiro ano, antes do ano letivo começar, eu ouvi da diretora que ex-alunos dizem que os três anos do HM foram uns dos melhores anos de suas vidas. Eu cheguei a duvidar. Hoje em dia, não tenho a menor dúvida. E repito e perpetuo essa história: foram uns dos melhores ano de minha vida. Vai fazer muita falta, de estar ali todos os dias, risadas e mais risadas, correndo atrás de nota, algumas desavenças, mas nada que possa destruir o que foi construído. Saudade, essa palavra dói. Entretanto, chega uma hora que acaba, vamos fazer o quê? Tudo que é bom dura pouco, não é esse o ditado? Sem dúvida, chega uma nova vida.

Por fim, nessa nova vida, lembraremos e sentiremos a vontade de retornar ao HM. Viveremos cada minuto nesse finalzinho intensamente. Agradeço por tudo, conheci pessoas maravilhosas nesse colégio e digo que O HM DEIXARÁ SAUDADES.

5 comentários:

  1. Texto digno de um horaciano. =)
    Muito bem feito e verdadeiro. Espero, de coração, que esses melhores anos da sua vida contribuam para um futuro maravilhoso.
    ADOREI o texto. *-*
    Parabéns!
    Beijos

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  2. Uma coisa é certa, você iria me conhecer. rs Eu também ia pro Paulo Freire! haha

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  3. É paradoxal, a gente cisma, quando novo em querer crescer e adquirir liberdade e vêm outras tantas imprevistas responsabilidades que quando chega a época é saudoso o tempo da escola, amizade e sessão da tarde. Todos nos identificamos!

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  4. Como sempre seus textos impressionantes e sinceros, quase chorei.Amei te conhecer, três para formar grandes amizades.
    Da sua amiga ISADORA.

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  5. Valeu, Sarah. Possibilidade de conhecer a Raíra lá no Paulo Freire, não seria tão ruim assim. Também adorei te conhecer e conviver com você, Isadora. O título desse texto se torna irrelevante, pois o HM não deixará saudades, já está deixando saudades. Mas é a vida, vem um novo ciclo aí e vamos cair pra dentro, renovados.

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