12 de janeiro de 2011

Relatos de um velho

Um início de tarde agradável. E o senhor de idade que dá o título desta postagem está em sua varanda com o seu notebook, aproveitando sua internet sem fio. Ele está ali para poder fazer um relato de sua vida, ter aquilo registrado e poder ler e lembrar do que passou quantas vezes quisesse.

Eis que ele começa a redigir.

"Minhas mãos estão cheias de calos, mas pioneiras. Lembro-me de quando não eram assim. Hoje, minhas mãos representam o que sempre foi minha vida.

Não reclamo do modo que elas ficaram e muito pelo contrário, o orgulho toma conta de mim em vê-las assim. Não reclamo e também não me arrependo de nada. Desde cedo, sempre necessitei buscar para poder garantir minha sobrevivência e a de quem estivesse ao meu lado.

Nunca tive problemas em relação a trabalhar, talvez se tivesse, não estaria aqui passando-lhes tais palavras. Afinal, se eu não fizesse por mim, quem faria? Agradeço a Deus por ter me dado saúde para eu não padecer nos campos de batalha." Neste momento, ele vê seus três netos chegando a sua casa, a casa dos vovôs é perfeita para brincar e cada neto o cumprimenta carinhosamente. Não há nada que seja capaz de medir a felicidade do velho naquele momento. As crianças entram pela casa correndo para aproveitar o dia. O velho volta ao seu relato.

"Desde que me conheço como gente, também sempre fui religioso, não me ligava a uma religião em sim, porém, sempre tive o MEU Deus. Eu precisava de algo que garantisse a fortaleza de minha base durante a vida difícil que tive. Ganhei uns calos nos joelhos pelas noites que após o trabalho, eu agradecia e pedia ao Senhor pelo o que conquistava e almejava, respectivamente.

Sou feliz com o pouco que conquistei. Sou um velho feliz e também satisfeito, pois mudei um pouquinho o rumo da história de minha família." Neste momento, ele vê do outro lado da casa seus netos se divertindo, o velho tem um momento de êxtase maravilhoso, ele não viveu aquela infância e deixa cair no teclado do notebook uma pequena lágrima, percebe e se contém, pois se alguém o visse daquele jeito seria algo que ele não queria vissem, porque ele sempre foi viril, parecendo muitas vezes insensível. Contido, volta para sua história.

"Pela idade avançada, conquistei a aposentadoria e tenho satisfação e felicidades sem limites por ver meus netos se divertindo pela casa, usufruindo da liberdade e dos direitos de uma criança, algo que eu não pude usufruir na minha infância, como o narrador já adiantou. Pois desde lá eu já construía os calos que tenho hoje." Ele parte para encerrar a sua narrativa de modo realizado e esperançoso.

"Consegui dar aos meus filhos essa liberdade e, sucessivamente, meus netos também a possuem. Desejo que isso perpetue-se em minha família e que se alastre para outros lares. Sou extremamente orgulhoso por ter sido pioneiro desta história.".

                                                                 Fim 

Um comentário:

  1. parabéns mesmo pelo blog e post,ótimo *o*
    bj :*
    http://thaynadamascena.blogspot.com/

    ResponderExcluir