2 de outubro de 2010

Terra do Nunca

Terra do Nunca é uma história baseada, basicamente, em sua principal personagem: menino Peter Pan. Este é um menino que se recusa a crescer e que passa a vida por aventuras mágicas e a atividade do seu reino depende da sua ausência e presença, ou seja, é P. Pan quem faz funcioná-lo.

Na Terra do Nunca imaginada por mim, tudo é perfeito. Nela, não temos atrocidades, não temos ilusões, não vivemos covardemente, não seríamos obrigados a votar etc. Por outro lado, na minha Terra do Nunca, viveríamos em paz em todos os aspectos, teríamos devaneios apenas por diversão e não por necessidade e o povo desse Brasil seria o Peter Pan ideal.

Nós do Brasil somos o Peter Pan, um Peter Pan que se recusa a crescer, literalmente. Um Peter Pan que tem uma visão de tudo desinteressada, em muitos casos é burrice mesmo e não desinteresse. E por ser desinteressada é limitada. Na Terra do Nunca, nós iríamos ter gosto de assistir ao horário eleitoral gratuito, hoje não vemos o horário eleitoral não só porque é chato mas também porque, como já disse, há o desinteresse que é causado por quem está passando o seu programa, ou seja, o Peter Pan brasileiro(povo) já está cansado de não ver resultado, desacreditado, por isso meio que desistiu e desliga a TV. E aqueles que insistem em ver, têm que fazer vista grossa.

Entretanto, o cansaço foi causado pelo próprio Peter Pan, pois quando chega à hora da prova, mesmo podendo colar, fica reprovado. Reprovado porque não fez o trabalho de casa, porque não estudou para prova, porque pega o papelzinho no chão no caminho ao local de voto, porque vende o voto(outra discussão) e outras situações típicas de brasileiros.

Nosso menino Pan é diferente do da ficção, totalmente inverso, pois o da ficção rege o seu reino, e nós, somos regidos, desleixados e pagamos caros por isso. Os eleitos estariam em suas funções para nos servir, porém, somos nós quem os servimos. E o cidadão sofredor que pega o papelzinho no chão e tem após as eleições o mesmo tipo de vida sofrida, eu digo que é bem feito. Voto é coisa séria, e seriíssima.

Na minha Terra do Nunca, já que somos obrigados a votar, por que não o fazemos com vontade, custa nada, é apenas um dia em cada 2 anos. Sei que é difícil achar alguém digno de um voto em meio a tanta repugnância, mas quem procura acha, quem estuda passa na prova.

Na minha Terra do Nunca, presidente que foi impedido de governar(impeachment) em virtude de ilegalidades morais e financeiras durante o seu mandato(mesmo que fosse por outro motivo, sofreu impeachment, pô), não volta a concorrer nem mesmo a uma vaga de síndico. Mas como a minha Terra é a do Tudo, Fernando Collor voltou em 2006 e foi senador, e agora concorre ao governo alagoano. Se for eleito, será mais uma prova de que nosso Peter Pan tem algum tipo de defeito.

Por enquanto, eu vivo mergulhado em utopias, ainda tenho devaneios por necessidades, por enquanto vejo uma mulher a favor do aborto integralmente, prestes a montar no Peter Pan leproso.

E no meio dessas utopias, eu continuo sonhando em achar uma vacina para curar esses males, um dialeto que dê para entender o povo brasileiro, ainda sonho em ver esse Brasil curado, sentir esse Brasil curado e poder desfrutar desse Brasil curado.

Um comentário:

  1. A imagem de fundo do seu blog expressa muito bem o resultado dessas atitudes tomadas pelos Peter Pans por aí. Resultado ou consequência(?), tanto fez/faz.
    O que importa é que infelizmente estamos destinados a conviver com esses meninos Pans, que não só se recusam a crescer, como se recusam a se educar e assumir seu papel como cidadão. Quando eu digo educar, não é só no âmbito político. Mas enfim, as vezes tenho vergonha de viver num lugar desse, com péssimos políticos e péssimos eleitores! Que patrocinam esses políticos. É como dizem por aí: o povo tem os políticos que MERECEM! E tenho dito.
    Excelente texto. Se metade da população brasileira tivesse a oportunidad de lê-lo fazendo uma auto-crítica, o dia de hoje (3 de outubro) seria marcado pela esperança de um futuro melhor.

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