20 de fevereiro de 2011

Infância

Era uma criança como todas as outras: brincava, corria, brigava etc. Fazia tudo que uma criança havia de fazer, vivia sem compromissos, como deve ser, realmente, uma criança.

Estudava de manhã, azar o dele, tinha que acordar cedo. Criança deve dormir até a hora que quiser, as crianças mais novas deveriam ter o turno da tarde só para elas.

Na escola, ainda pequenino, fazia parte daquela maldita hierarquia dos mais inteligentes da turma. Porém, era um dos mais sonsos também. Certa vez, a professora teve de se ausentar por uns minutos da sala, e alguns meninos, incluindo o pequeno sonso, assim que ela saiu, começaram aquela bagunça característica de crianças.

Quando a professora voltou, pegou todos de surpresa, vendo aquele escarcéu. Os meninos rapidamente sentaram-se em suas carteiras. A "tia", furiosa, chamou os meninos para frente da sala de frente para o restante da turma para dar aquela bronca. Para sorte do sonso e para fúria dos outros rapazinhos, a professora não o chamou.

A bronca rolando e o menino em seu lugar assistindo, olhando para os bagunceiros do quadro e os via dizendo para ele bem baixinho: " tu vai ver, vou te pegar lá fora".

Quando ele ouvia aquilo não parava de pensar enquanto não visse sua mãe na hora da saída.Voltava da escola exausto, às vezes, nem almoçava, caía direto na espaçosa cama de sua mãe.

Acordava no da meio tarde, fazia aquele lanche e ia andar de bicicleta. A mãe gritava: "quando escurecer, volta para casa!". E assim eram todos os dias. Antes do menino andar todos os dias de bicicleta, ele teve de aprender a andar de bicicleta, é claro. Pois bem, nesse dia em Itaboraí, o menino num campo de futebol careca, só terra, numa tarde, ele monta na bicicleta sendo amparado pelo cunhado e pela irmã. É sempre aquilo, começam empurrando, depois soltam. A criança foi toda empolgada, quando olhou para trás que não viu ninguém, bateu aquele medo, perdeu o controle e foi direto para o primeiro tombo de bicicleta, ficou todo ralado. Que beleza. Mas depois dessa ficou fácil e o menino passou a andar todas tardes.

À noite, era a hora dos famosos piques: pique-ajuda, pique-bandeira, pique-esconde etc. Mas ele preferia mesmo era o futebol e o pique-ajuda, talvez, já pensava no próximo naquela época. rs!

A mãe dele limitava onde ele deveria ficar, mas se respeitasse isso não iria ter uma atitude de criança, então ele saía mesmo e corria por tudo quanto é canto. Voltava atrás de uns colegas, pois não conhecia o caminho de volta.

Até que um dia ele foi atropelado por uma bicicleta, o guidom fez uma ferida no meio do seu peito. O local onde foi atropelado a mãe não poderia saber porque ela não o deixava ir para aquele local. Quando se apresentou à mãe com o machucado cheio de coleguinhas do lado, a primeira pergunta dela foi: "onde foi isso?". E o menino sem titubear disse que havia sido logo ali na frente, onde a mãe permitia. E a mãe nem duvidou, caindo direitinho em sua mentira.


Para sorte do menino, na sua infância, no final do século xx, ainda não existia essa febre de internet. Ele pôde aproveitar cada minuto da infância fazendo tudo que uma criança deve fazer longe do computador.

Na frente deste, não há aquele contato direto com o mundo, ela não se relaciona com outras crianças de qualquer maneira. Seus aprendizados ficam incompletos nessa fase da vida, o que pode acarretar em problemas quando a criança ficar mais velha. O computador hoje é dia é importante, entretanto, nada é mais importante do que a infância à moda antiga.

Ainda brincávamos de pega-vareta, banco imobiliário, bolinhas de gude, cabo de guerra, rodar peão, jogar Mario, tínhamos Geloucos, pirocóptero, víamos Bananas de Pijamas descendo as escadas, apertávamos campainhas e saíamos correndo, soltar um "vai cagar no mato", hoje em dia crianças mandam a outros lugares, enfim... sempre achamos que a nossa época foi a melhor. E hoje em dia nem sei se as crianças ainda têm catapora. Eu posso dizer que tive infância. .

Discordo de pessoas que dizem que a melhor idade é a terceira. Inaceitável isso. Isso é uma sátira, só pode. Não que a terceira não seja boa, mas a infância é, sem dúvida, a melhor época que existe na vida.

Apesar de sentir muita falta de sua infância, o menino da história, hoje, caminha para o futuro, tentando vencer na vida e fazer um texto igual ao Relatos de um velho. Ou seja, olhar para trás e dizer que a sua missão aqui foi cumprida. E vai pensar, mais uma vez: "Como essa vida passa rápido, infelizmente!".
É hora de caminhar para o futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário