8 de fevereiro de 2011

Sexta-feira à noite

Mais uma noite bonita, céu estrelado, e pai, mãe e os seus três filhos estão em casa. Os donos da casa juntos com o filho mais velho, 16 anos, organizam-se para mais uma partida de buraco.

Os outros dois filhos são crianças ainda e aproveitam o bom e velho baú de brinquedos.

A noite passa, e os cinco que ali estão, recebem a visita inesperada tanto dos avós materno quanto dos avós paterno das crianças, que coincidência!

Os vovôs avistaram aquela mesa verde de baralhos e não pensaram duas vezes, foram correndo, arrastaram cadeiras e se juntaram ao cassino para esperar a próxima rodada.

E as vovós? Estas não sabem jogar, foram ali para ver os netos, mas principalmente, comentar o último capítulo da novela. A companheira de debates noveleiros está jogando e por enquanto não podem falar disso. As vovós, então, foram aproveitar os netos e logo se juntaram a eles para brincar no chão da sala.

As senhoras voltam aos tempos de criança e juntas dos netos divertem-se como nunca. A única coisa a lamentar mesmo é não poder comentar, por enquanto, o último capítulo da novela, mas logo esqueceram disso, afinal, estavam na companhia dos netos, os quais elas bajulavam.

E no cassino continuavam a jogar, papo vai, papo vem, e fumaças de cigarro "flutuando". Se eu estivesse ali, com certeza teria minha bronquite atacada.

A noite é longa, o sábado seguinte é feriado, todo mundo estará em casa, logo não há problemas em ir dormir tarde: um agradável programa em família numa noite de sexta-feira.

Já são 11 horas da noite, eis que o jogo de baralho se encerra. As três mulheres vão para a cozinha preparar o café, e enfim, as senhoras chegam ao seu segundo momento de deleite da noite, filosofar sobre o último capítulo da novela. E dá para ouvir da sala uma das velhas entusiasmadas dizendo: "[...] mas ele não deveria ter morrido, não gostei do final dessa novela!".

O filho de 16 anos vai jogar vídeo-game e as crianças, com os olhos brilhando, percebem e correm atrás dele.

Os homens ficam no mesmo lugar, na mesa de baralho, e falam de Ronaldinho Gaúcho e chegam a dar uns pitacos sobre a política do governo Dilma.

É uma noite com cheiro de conservadorismo, uma simples noite se tornou mágica para os que ali estão.

No fim, aparece o entregador de pizzas. A pizza é intitulada de "Grand Canyon", Todos se olham, meio que se perguntando: "ué, quem pediu esta pizza?". O pai logo grita: "eu não tenho dinheiro, não.". E as duas crianças aparecem por debaixo do pai com o dinheiro na mão pagando a pizza e ainda deixam o troco como gorjeta para o carinha da moto. Que jogada das crianças!

Todos correm para a mesa de jantar, a pizza é o apogeu da noite. Todos estão a conversar e dar risadas e também a  comentar a atitude dos pequeninos que dividiram a conta.

E para encerrar a noite, haveria de ter uma foto para guardar o momento. Dez segundos programados na câmera e todos se ajustam, rapidamente, para sair bem na foto. Terminaram em grande estilo. Agora, cada um para a sua casa, os avós materno dão uma pequena carona aos avós paterno. Todos com o sorriso no rosto.

E vão dormir, com certeza, com a cabeça tranquila. 

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